sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Polêmica com os projetos para a Copa e Olimpíadas.

O Rio de Janeiro tem sido palco de embates da sociedade contra os desmandos do poder público, especialmente graças às redes sociais. Apesar de ter sediado a Rio+20, e por causa dos investimentos para a Copa e Olimpíadas, começaram a pipocar mega-projetos que por todos os lados agridem a paisagem e até áreas de proteção ambiental.

É o caso do polêmico Cais em Y que a Cia.Docas quer por força construir, criando um paredão de navios que é uma ameaça à visibilidade do espelho d’água da Baía de Guanabara, do Mosteiro de São Bento e de armazéns do porto (bens tombados pelo patrimônio histórico) e do caríssimo Museu do Amanhã que está em construção. Além de não ter o EIA-RIMA (estudo de impacto ambiental) o cais também têm impacto urbanístico negativo. Em outras regiões portuárias revitalizadas como Barcelona e Puerto Madero/B.Aires, não há confronto entre a escala residencial e a de equipamentos como hotéis e escritórios, mas uma harmonização; o diálogo entre a arquitetura e os vazios está bem resolvido, e uma das consequências é a vista ampla para a água. 



Museu do Amanhã teve que obedecer um gabarito máximo de 15m, então é impensável que navios de até 60m de altura possam atracar bloqueando as vistas e o vento. A "desculpa" era aumentar a capacidade de hospedagem da cidade durante os eventos esportivos, mas não convenceu nem arquitetos, nem urbanistas, e já foi alvo de ação na justiça pelo PV, reportagens e pronunciamentos do próprio Prefeito e do Presidente do COB sobre não estarem previstos no termo de compromisso das Olimpíadas ou da Copa. 


Mas na surdina, o governo estadual encaminhou um projeto para a Assembléia Legislativa com pedido de urgência querendo que em apenas 4 dias se votasse uma flexibilização perigosa nos processos de licenciamento ambiental. Por exemplo, não exige a divulgação em jornais do estudo de impactos, que também só seria feito por projetos acima de 100 hectares em áreas onde não há infraestrutura. Hoje se exige para áreas acima de 50 hectares ou menores mas que estejam próximas de unidades de conservação ou áreas sensíveis. Veja o filme do premiado jornalista André Trigueiro, expert e pioneiro na cobertura de sustentabilidade:





Dois dos mais polêmicos projetos envolvem o Campo de Golfe Olímpico e o futuro Hotel Grand Hyatt na Barra da Tijuca, ambos em áreas na Praia da Reserva, uma APA que foi descaracterizada pela Câmara dos Vereadores em 2005, criando "retalhos" vendáveis a interesses imobiliários. Ambos foram alvo de passeatas de protesto em 3 finais de semana consecutivos e filmes no YouTube e FB (inclusive do grupo Anonymous), o que levou a Alerj a suspender a votação e marcar uma Audiência Pública. 

Fonte: Patrícia de Sá

O grande interesse e benefício que as cidades que sediam grandes eventos esportivos recebem é o investimento na infra-estrutura, que se tornam benfeitorias para a população após os eventos. Infelizmente o Brasil não está aproveitando esta oportunidade. Ao invés de investirem em melhorias no transporte público, vias, e urbanismo como um todo ao pensar nas estruturas esportivas interligando bairros, os políticos pífios que estão no comando apenas investem  em estádios fixos monstruosos que sequer serão totalmente utilizados após este período. Isso sem falar nestas artimanhas para beneficiar parceiros e desvios de recursos.


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